Aqueles que não acreditam em mágicas, nunca irão encontrá-la.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Sunzinha

- Tardi,dotô.
           - Boa tarde,sente-se.
                            - Careci não.Ficu di pé memo.
- Sente-se,para que eu possa te examinar.
- O dotô é quem manda.
- Fale-me.O que está acontecendo?
- É que mi dá umas dô...
- Que dor?
- Nu estromagu.Beeem forte.
- E o que vc faz?
- Tem veiz que eu cantu,trasveiz eu vou pra cunzinha fazê um bolu.
- Tem outra dor?
- Tenhu,sim.Aqui ó perto do peito.
- E essa é forte?
- Forte forte não. Eu saio, cunversu com as vizinha, logo passa.
- Outra?
- Sim senhô, aqui anssim... nu meio das custela, perto do coração.Dá uns apertu, aqui ó.
- E vc faz o quê?
- Tem veiz que choru.Trasveiz ficu anssim num banco da pracinha pertu de casa, vendo as criança brincá.
- Vc mora com alguém?
- Moru não dotô.Sô sunzinha nessi mundo di Deus.
- Não tem família?
- Aqui não.Minha famia é todinha do interiô do sertão, perto de Urandi, lá quasi im Minas, vim sunzinha pra Sum Paulo tentá a vida.
- Dona Clara, eu sei o que a senhora tem.
- Comu anssim, si o dotô nem incostô im mim?
- O que a senhora tem D.Clara,chama-se solidão, é causadora de toda essa tristeza.
- E isso mata, dotô?
- Às vezes sim.Mas no seu caso bastam amigos, um chazinho e carinho.Vai com Deus e se as dores voltarem, me procure.
- Prá modi du senhô me inzaminá?
- Não.Prá modi nóis trocá dois dedinhu di prosa e a senhora torná a se senti bem, só de ser ouvida.
Sandra Pontes.

BY CRIS



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